VESTIDOS
Eu nunca tive tantos vestidos!...
E eles me olham, em fileiras,
Querendo ser os escolhidos.
Há brancos, verdes e vermelhos...
-Existe um bem transparente,
E outro, sagaz como um espelho!
Vestidos longos, curtos, midi,
Outros de barras tão compridas
Que se arrastam pelo chão...
Há os estampados bem alegres,
E outros, em ton sur ton,
São debruados de ilusão.
Existe um, que eu bem sei,
É como a roupa nova do rei
Que deixa à mostra o escondido...
Há um no fundo do armário
(Não o escolho; ele me escolhe)
E dele, eu tenho muito medo:
Me aperta como um espartilho,
Esmaga o peito, esse vestido!
-E ele é negro, negro, negro...