Operário
Tijolo por tijolo,
Assim arruma o poeta os seus versos
Sob o sol escaldante de janeiro.
Trabalha vagaroso...
Mistura o cimento, pega peso
Com as mãos calejadas de obreiro.
Hora do almoço:
Refeição bem encorpada,
Pra dar sustância.
Afinal o relógio não para.
Sim, o corpo cansa
Mas as mãos trabalham.
Segue então a mesma rotina.
Tijolos, cimentos, vigas...
Ajeita todas as palavras
Até que enfim pareça um poema.
Chega por hoje.
Fim de expediente!
Então o poeta vai pra casa.
Tenta dormir apesar da noite quente.
Embora a vida seja amarga
Ele ainda tem sonhos doces
Em que vê um livro enorme
Que tem seu nome na capa.