C A N S A Ç O . . .
Cansei de ser uma voz anônima e sem ecos
Clamando a ouvidos,convenientemente surdos,
Cansei de ver a falta de compaixão pela dor
De ouvir os gemidos nos corredores da saúde
Cansei de não ouvir nem o meu próprio grito
E saber que passei a vida, gritando pela paz
Cansei de ver a morte, de cruzar balas perdidas
De ver caídas ao chão, almas puras, inocentes
Cansei de ver as esquinas sendo assaltadas
Esquinas onde antes dobrava só a esperança
Cansei de ver as atuais relações amorosas
Durando apenas o tempo que dura uma flor
Cansei de ver o suor do trabalho e da fome
Escorrendo para os cofres injustos da ganância
Cansei de ver o interesse se sobrepondo ao amor
Ver os seres traindo, traídos, fingindo felicidade
Cansei de ver tantas crianças e tão poucos pais
Ver o futuro adolescente, adotado pelas drogas
Cansei de ver o pranto da terra pelas enchentes
E ver no ano seguinte, a terra chorando de novo
Cansei de guardar tanto amor em mim e ser tão só
Cansei de ter o mundo a meus pés e não ter você.
Enfim...
Cansei de viver tantos sonhos e pouca realidade.