Desesperança...
Eu preciso do isolamento em mim...
Minha metamorfose interrompida
Faz deforme meu aspecto, minha vida!
Tantos conflitos mal resolvidos
Desencapados se chocam... E me chocam
Hiroshima devastadora
Causando uma implosão
De proporções que vão além
Dos limites que eu posso suportar
Não consigo respirar!
Só me resta divagar nessas linhas solidárias...
Anseio a solidão serena do mar
Ininterrupta no seu vai e vem...
Perene em sua rotina volátil
Mar, que de braços abertos acolhe
Tantos quantos os seres que o procuram
Nicho de aconchego e tranquilidade...
Simplesmente aceita, percebe, fica...
Na sua displicência atenta, carinhosa
Oxigenando-os... Oxigenando-se...
Numa simbiose de amor, troca...
Busco o meu mais inteiro momento
Não esse mosaico de sensações desconexas
Que se encontra minha vida
Sinto-me sim solitária,
Mas apartada da solidão solidária
Que oscula o ócio e transforma
Na sua gênese criadora
“Estou” prisioneira da solidão coletiva
Essa doença voraz
Que destrói... Rouba a paz!
Perdi a imunização do amor...
Desfalcada da faculdade de pensar com a alma
De manter-me calma, e com plácido encanto
Olhar o horizonte e aperceber-me dos seus matizes e tons
Que se transformam a cada segundo de pensamento
E compreender no passar das horas
O império do tempo.
Tenho sonhado um sonho de livros
Submersos por toneladas de água
Velados aos meus olhos nem tão atentos
Vedados pela película do esquecimento...
Displicência com que já vivi...
Inapetência para absorve os ensinamentos
Quando quem governa é a paixão,
No afã do sentir, esquece-se...
As asas coladas com cera
E qual Ícaro cair, do alto na esfera azul
Para o ébano das incertezas...
E nessa vertiginosa queda, jaz o desencontro.
Vejo-me ampara por esse despenhadeiro
Profundo poço de indecisões e medos
Tendo asas partidas, enfrento as procelas da vida
Destinada estou ao Hades
Sem saber se ingeri a comida de lá
Nem percebo se dá para voltar...
Angustiada estou
Sem olhos de ver... Ouvidos surdos a minha dor!
Sufocada pela paixão
Transpirando tanta emoção
Falta-me o ar... Enfim
Necessito da calma serena do mar!
Sem tempestade... Um mar de manhã
De fim de tarde...
Quando os raios de sol se transformam em sonho
A acarinham a pele como...
Um amante em tenra idade!
Preciso me encontra em mim
Antes que seja tarde.
Pois já não posso sentir nas lágrimas
O sabor salgado que lhe é peculiar
Pois estou insossa e sem vontade!
Entregue a esses devaneios
Que me aprisionam minhas verdades!