SOU FELIZ, RECUPEREI-ME

No princípio eram os meus pensamentos que voavam,

Sem rumo, sem direção, e só o desconhecido encontrei.

Depois, passei a caminhar às cegas e muitas aprontei,

Mas a lugar nenhum cheguei, só meus gritos ecoavam.

O cansaço, a prostração, a dor, de mim já se apoderavam,

E diversos apelidos surgiam, tais como “foto sem imagem”,

“Vela apagada”, “flecha ligeira”, “poça d’água”, bobagens

Que, de maneira muitas vezes repetidas, me incomodavam.

A ridicularização a que eu era submetido, tida e havida

Como brincadeiras pelos amigos, me atingiu em cheio,

Uma vez que me recolhi ao isolamento, deixando o meio

No qual sempre convivi, como se fosse a única saída.

Fiquei debilitado, física e moralmente, corpo escanzelado,

Sem ação ou reação, afundado no mundo de uma nevoenta

Inconsciência. Somente chorava, até que uma amiga atenta,

De mim compadecida, indagou-me se queria ser por ela zelado.

O ser humano, disse-me ela, é dono do seu próprio destino.

-- Você está produzindo um mal cuja vítima é você mesmo.

O homem é aquilo que faz (Sartre) e não pode viver a esmo.

Portanto, erga-se, levante a cabeça e absorva este ensino.

-- O homem é livre e tem, em tese, potencial para se recuperar

E buscar, incessantemente, obedecendo princípios, a felicidade.

O seu choro compulsivo pode ser a fuga de uma ansiedade,

Que, com humildade, boa vontade e reflexão, há de se superar.

Felizmente, ouvi, com redobrada atenção, a amiga querida,

Respirei profundamente, fiz uma prece, ergui o escanifrado corpo

Expulsei de mim a ansiedade, recuperei o imprestável corpo morto

E chorei, pois o choro é o grito que anuncia o nascer de uma vida.

levy pereira de menezes
Enviado por levy pereira de menezes em 28/04/2007
Reeditado em 28/04/2007
Código do texto: T467332