Fotografia de © Ana Ferreira

the Artic Light 



MUDAR

Era um rio de águas cristalinas,
Belo e gracioso em todo o seu curso,
Serpenteando entre as altas montanhas.
Parou em certo ponto do seu percurso,
 
Um obstáculo o impediu de avançar:
«Ah, atravanco inoportuno e imundo!
Como te atreves meu caminho barrar?
Afasta-te, pântano nauseabundo!»  
 
O límpido e formoso rio não aceitou
Que à sua frente um pântano houvesse,
E mais uma e outra vez reclamou,
 
Bradando ao céu que o empeço desviasse. 
Respondeu o céu: «Se queres chegar ao mar,
Terás que mudar e o pântano enfrentar!»  


 
 

Caminhar é o próprio sentido da vida,  mas quando algo nos assusta
no caminho, a tendência é paralisar. A mudança de um caminho diário
não raras vezes nos provoca medo.
Mudamos a cada segundo,  desde
que nascemos,  contudo,  mudar é um exercício desconfortável. 
A transformação interior que nos impulsiona para a frente significa
esforço,  pois requer desprendimento e sofrimento.  Há pessoas que
veem nessa palavra - mudança - um novo sentido para a vida, novos
rumos;  outras sentem-se ameaçadas,  não querem sair da zona de
conforto. Se optarmos por evitar o sofrimento, acabaremos evitando
as coisas boas que a vida nos oferece gratuitamente.
Há milhares de tesouros  escondidos em pântanos imundos. 
Precisamos adentrar suas fétidas águas para descobri-los. 
É preciso mudar o percurso, contornar os obstáculos para
que o rio da nossa vida se transforme em mar.


Ana Flor do Lácio
 
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 31/01/2014
Reeditado em 31/01/2014
Código do texto: T4672824
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