ARTIMANHA

Inútil,

a razão prolifera

na página virada,

aonde a animalidade

encerra a angústia demasiada,

se é democrático entender,

desproporcional a submissão

do silêncio,

porque nada tão humano

quanto querer

o que não se admite nos demais.

Pura é a birra

e burra a esbórnia da lucidez

quando o comportamento imposto

é fruto da artimanha reflexiva,

pois o se dar bem

sempre é justificado

pelo argumento da oportunidade,

como se a cidade

obedecesse apenas a um juramento.

Permanece a pergunta sem resposta,

é estranha a chave que torna possível o cofre,

toda escolha envolve deixar na estrada

a mala desnecessária,

pois o crescimento é uma descida

ao desfiladeiro profundo da segurança material,

que apenas copia a espiritualidade rasa

dos avatares cerimoniosos