HORMÔNIOS
Quando ouço tua voz
meus hormônios, parecem
gritarem por nós,
agitam-se, florescem,
desabrocham na pele, sedentos,
o sangue em ebulição,
e o desejo antes indolente, ocioso,
reativa-se na corrente, furioso
em aflitiva aflição,
desesperado,
desnorteado,
diante desta suave fala,
agora nada se contém,
o corpo não cala,
ninguém o detém,
e quando tua voz perpassa
pelos meus sentidos, perco a noção,
e assim, lépido, ágil,
o timbre vibra, golpeia com graça,
não ouve meu reclamo,
esboroa-se minha defesa, já frágil
quando ouço baixinho:
"meu amor, te amo ..."
Andrade Jorge
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