Calor

Calor de fritar os miolos

De ferver a tinta vermelha

De jorrar sal pelos poros

Calor de fraquejar as passadas

De deixar esqueleto mole

De querer gelar a goela

Calor como o dos infernos

De molhar a fronha da nuca

De colar a roupa tão junta

Calor que promove o desânimo

Da fome vir diminuta

Da fumaça que brota do chão

Calor sem vento

Daqueles implacáveis

Do sol inclemente

Calor que revira o asfalto

Cujas plantas imploram vidas

Cujo céu é a teimosia do azul

Calor é sempre claustrofóbico

Uma tortura impar

Uma chaga que insiste aberta

Calor que estorrica

Que tudo seca

Que a carne peca

Calor!

Que calor é esse

Que tanto aquece?

É o sol que se aconchega

Com o fogo que erra

Debaixo da terra!

Paulo Henrique Frias

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 30/01/2014
Código do texto: T4671300
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