SOBRE ELE

Não falo por ele. Leia.

Ele diria: saio ao sol e desço a rua à espera do vizinho.

Ele realiza, sai e desce e espera. Não, por ele não falo.

Ele come, ele bebe, ele fuma. Ele é quando não estou.

Ele chora sem medo presente no abandono que é seu tanto.

Não falo por ele, embora... Eu pergunto, não respondo.

Ele diz que viver é arte, habilidade de olhar na o assombro

de lado, nunca de frente. Ele inventa seu viver escrevendo.

Eu não sou mais que a verdade escrita e por isso sou mais.

Eu respiro entre pautas limbo narrado mas não falo por ele.

Ele bebe, ele come. Ele escreve, depois ‘eu conta’.

Depois eu narra o que ele antes vive.

Agora não, agora sim, depois talvez.

Talvez ele depois e depois e depois.

*

Baltazar

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 30/01/2014
Reeditado em 03/02/2018
Código do texto: T4670898
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