SOBRE ELE
Não falo por ele. Leia.
Ele diria: saio ao sol e desço a rua à espera do vizinho.
Ele realiza, sai e desce e espera. Não, por ele não falo.
Ele come, ele bebe, ele fuma. Ele é quando não estou.
Ele chora sem medo presente no abandono que é seu tanto.
Não falo por ele, embora... Eu pergunto, não respondo.
Ele diz que viver é arte, habilidade de olhar na o assombro
de lado, nunca de frente. Ele inventa seu viver escrevendo.
Eu não sou mais que a verdade escrita e por isso sou mais.
Eu respiro entre pautas limbo narrado mas não falo por ele.
Ele bebe, ele come. Ele escreve, depois ‘eu conta’.
Depois eu narra o que ele antes vive.
Agora não, agora sim, depois talvez.
Talvez ele depois e depois e depois.
*
Baltazar