O fardo da descrição
Inda chegará a hora de tornar ao pó.
Mas, o que levo daqui?
Despeço-me certo dos amigos que fiz e
Com saudades dos amores que vi.
A única dor que fica é a separação final
Do meu baluarte celestial em vida.
Estrela excelsa da eterna dúvida,
Minha Melpômene de todo dia.
Amada luz que enleva a poesia
Única, a calar dias de dor e alegria,
Em tua pureza, minha letra silencia.
A quem sempre os sons faltariam,
Lápis e papel a aliterar sua bonomia.
Eis meu único e perpétuo remorso:
A impor descrição em verso!
Choro anjo tão belo ser traduzido
Pela negra tinta do meu verbo.