O LAMPIÃO
No distrito Vila Bela
Nascera o grande bandido
Quando jovem foi querido
Pela sua parentela
Depois brigando com ela
Deixara a localidade
Com vinte e poucos de idade
Cometera desatino
Brigou com Zé Saturnino
Em nome da liberdade
Em Nazaré do Pico
Terra da gente Ferraz
Lampião quando rapaz
Tramara grande fuxico
Deu no pobre, deu no rico
Sem nenhuma piedade
Desrespeitara a cidade
Daquele povo pacato
Cometendo assassinato
Em nome da liberdade
O Capitão Virgulino
Não tinha nada de santo
Pois sempre causou espanto
Como cruel assassino
Como tosco beduíno
Foi de cidade em cidade
Levando a perversidade
Dentro do seu coração
Assim viveu Lampião
Em nome da liberdade
O filho de Zé Ferreira
Não respeitava ninguém
Nunca quis fazer o bem
Na profissão bandoleira
Assassinou João Nogueira
Com requintes de maldade
Praticou barbaridade
Na casa da baronesa
Levando toda a riqueza
Em nome da liberdade
O monstro do Pajeú
Em sua terra fagueira
Juntou-se a Sinhô Pereira
Um parente de Dadú
Topava qualquer rebu
Com tamanha crueldade
Em toda comunidade
Procurava ser valente
E viveu matando gente
Em nome da liberdade
No velho berço natal
Teve o neto de Jacosa
Bom respeito pela prosa
Do cantador genial
Como intelectual
Demonstrou capacidade
Tocava com agilidade
Num instrumento brejeiro
Morreu sendo cangaceiro
Em nome da liberdade
Na festa de casamento
Da sua prima Licor
O bandido malfeitor
Causara aborrecimento
Tranformara o sacramento
Numa vil banalidade
O padre por amizade
Convencera Virgulino
Que mudasse de destino
Em nome da liberdade
O cangaceiro voraz
Em São José do Belmonte
Matou com tiro na fronte
José de Sousa Ferraz
O bandoleiro sagaz
Depois da fatalidade
Partiu com velocidade
Em busca de um canto certo
Escondeu-se no deserto
Em nome da liberdade
No Sítio Riacho Fundo
Do Senhor Chico Martins
Lampião nestes confins
Seqüestrava todo mundo
O bandido vagabundo
Perdera fidelidade
Cometendo atrocidade
Com o nosso semelhante
Verdadeiro meliante
Em nome da liberdade
Na cidade de Princesa
Do Coronel Zé Pereira
O filho de Zé Ferreira
Lutou com muita firmeza
A luta causou surpresa
Aquela humilde cidade
Lampião com falsidade
Fizera bastante alarde
Comprovando ser covarde
Em nome da liberdade
Na cidade Limoeiro
A tropa de Lampião
Conquistou de coração
Aquele povo fagueiro
O prefeito prazenteiro
Pediu com sinceridade
Pra Lampião na verdade
Tratá-lo com mais lisura
Lampião mostrou cordura
Em nome da liberdade
No ano de trinta e oito
Na velha gruta de Angico
Terminou todo fuxico
Com o bandoleiro afoito
A tropa estava no coito
Gozando tranquilidade
Quando a tosca autoridade
Tomou conta do pedaço
Eliminando o cangaço
Em nome da liberdade