Além Ossos II
Póstumo delírio
Que pasma em tons erguidos
Ossos salobres
Na escuridão da carne e do sangue
Na sustentação dos corpos proibidos
Eu reintegro-me sem a luz do sol
Sem seus raios ó doce alvorada
E desafio o tempo como vampiro
Que suga a ferrugem de suas portas fechadas
Vago pelo desaguadouro
Madrugadas eternas
Minha cabeça encrustada na rocha
Diamante que se chocou contra a eterna desventura
Fabricou segredos entre palavras que mal podiam suster sua dor
E que talvez agora além muito além
Onde eu esteja a vagar
Mais que essas palavras escritas ficam as dores malditas
Que não pude suportar
Além ossos o desalento no granito das tumbas
Além ossos o fulgor dessas palavras
Além ossos a posteridade que se condena.
De olhos vendados que podem ver tudo
Vamos na direção errada na evolução de nossa espécie
Além ossos outros finais
Além muito além das estações
Os ossos estão em paz.