ADÃO E EVA

Extraído do substrato,

Tão sublime criação.

Do que antes era abstrato,

Fê-lo respiração.

Mas, completo não estava,

Faltava-lhe combinação.

E, parte dele se prestava

A tão fascinante inspiração.

Se do solo um era edificado,

De novo corpo, pulsava um coração.

Porém havia um cuidado,

Que foi rompido com a palração.

O conhecimento do bem e do mal,

Era a fonte da libertação.

E assim fizeram algo afinal,

Que firmou destino a toda ação.

Cada qual suportou sua conduta,

Que correspondeu a sua fração.

A serpente, que fez comer da fruta,

Foi condenada à reprovação.

Rastejaria seu ventre na terra,

Engolindo o pó como ração.

Isso posto que não se erra,

Quando diante da adoração.

A mulher, pôs-se inimiga da víbora,

Além de pagar sua expiação.

Iria ela sofrer agora,

No parto e ao longo da gestação.

O homem, por sua vez,

Fatigaria com labor sua alimentação.

Nada justificava o que fez,

Já havia descumprido sua obrigação.

Por fim, foram expulsos do lar,

E o paraíso virou mera ilustração.

Um ao outro restavam guardar,

Até que seus túmulos se façam.