AS CORDAS DA LIRA...
Trago no coração
um abandono próprio à poesia.
É que sou repleto de insuficiências!
Matérias primas de todas os poetas…
Trago no coração
um ranço forte da minha meninice.
Esses traços de infância me vão consolando,
tocando, ao seu bel prazer, as cordas da lira…
Trago no coração
um leve resquício de amor, que não
aprendeu estancar pesares, nem cessar a dor.
E o faz pulsar oscilante no ritmo da saudade…
Trago no coração
um forte desejo de desaprender o amor.
Porque do amor ao escárnio o liame é frágil;
e a trilha é sempre hostil e de pedras pontiagudas…
Trago no coração
uma sede louca de termos e expressões:
sacio-a grafando na lauda virgem de verbos
a força da minha agonia e ira: e tudo vira poesia!