As palavras não sei
se estão vivas ou se voam,
elas destoam dos pensamentos
que não ornam com os sentimentos;
o silêncio é eternidade, as palavras momentos.

E os pensamentos ou são gritos,
talvez sussurros, murros em ponta de faca,
e quebram silêncios desapercebidos,
as palavras são olhos perdidos,
uns urdidos dilemas, as tais celeumas,
as palavras são desertos, uns ermos,
becos sem saida, a palavra mal dita
maldiz a maldita sina de estar vivo.

Não sei se as ideias que temos das coisas
são abismos ou labirintos, ou infinitos,
uns mistérios nem assim tão bonitos,
as palavras são meu limite e meu horizonte,
minha falta de sorte nesta vida, minha morte
ou um quê do tudo desta vida mal vivida.

As palavras complicam mais do que explicam
e não implicam em quase nada do que sinto,
se tenta dizer qualquer coisa, é só o que não sei,
o que não pensei, o que não achei, o que não minto.

Parcas e poucas, loucas e pobres, as palavras são menos,
talvez menos do que pode um olhar distraído ao vazio,
que não se expressa e nem se explica, intui e supõe,
põe tudo à mesa, nada releva, tudo quer e tudo vê,
a palavra é da entranha de toda a essência,
não carece de experiência, a palavra é vivência.

Tudo até o presente para dizer que a gente não sabe
o que pensa e o que diz e muito menos o que sente,
a gente apenas padece de um amor que não conhece,
que não ensina e nem aprende, que erra só por ser;
eu nem sei se padeço, mas este amor não posso dizer,
posso apenas dele padecer sem poder ao menos mostrar
que é amor apenas a duras penas e que é apenas o que ama.

As palavras não sei se começam ou terminam em poesia,
desembocam somente no oco da gente que era cheio de nada,
do nada da gente que era cheio de vazio e silêncio, escuridão,
essa poesia que vem e eu não sei se me preenche ou esvazia
se me transforma ou se me transtorna, o que não me conforma
é toda a forma de palavra não ter forma de dizer quase nada
do que nem sei se me apetece ou me alimenta, me enlouquece,
do que não me cabe ou nem me sabe se me abre e concebe,
que nada percebe do que me pertence ou de mim prescinde;
a palavra me acende este fogo morto que não sei se é vida
ou a frieza dissimulada daquilo de bem depois, ou depois, a morte.

A palavra não sei se nasce da poesia ou se esta nasce daquela
e no meio dela eu não sei se ela é coisa minha ou eu coisa dela,
se era o melhor que eu tinha, mas eu vinha de silêncio em silêncio
e dia menos dia, um dia em alguma hora de um dia, tinha de dizer
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 27/01/2014
Reeditado em 06/02/2021
Código do texto: T4666214
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