COLHO NAUSEA , AMANHÃ É OUTRO DIA

no alto da colina ergui meus sonhos:

pouco tenho, nada perco.

em jejum a palavra tem mais sabor.

no alto da colina plantei meus dias:

trigo, e alguma poesia.

mas, semente que cai na cova certa ora cai fora dela.

cova rasa - alto domínio meu,

colina e orgulho: vem o tempo da seara...

- no tempo certo busquei os frutos.

e, lá no meio do trigo, dourado em ondas que só eu via, onde eu pensara ter plantado versos, o joio insurgia. “que sei eu do tempo certo para cada coisa?”

plantei com fome frutos amargos, não separo joio de trigo.

(nem sementes de mostarda das de baobá)

no meu sonho, erguido no alto da colina, tudo floresce.

e eu, ainda mais faminto, à sombra do salgueiro contemplo meu sonho fenecer ao fim do dia. como ladrão, que anunciasse a presença arrependido, meu sonho acena do alto vão do dia.

colho náusea, é a vida. amanhã...

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 26/01/2014
Reeditado em 26/01/2014
Código do texto: T4665271
Classificação de conteúdo: seguro