COM PENA!
Hoje eu vi uma andorinha
Que praceia amargurada
Ali ferida na estrada
Coitada da avezinha.
E para tristeza minha
Essa ave tão pequena
De cabecinha serena
Deixou uma pena tombar
E eu assim a chorar
COM PENA PEGUEI NA PENA!
Levei a ave no regaço
Coloquei-a em trapos quentes
Dei-lhe pra comer, umas sementes
Protegendo-a do cansaço.
E depois naquele espaço
Aliviou seu sofrer
Parecendo querer-me dizer
“Use a pena com rigor”
E assim para o meu amor
COM PENA PUS-ME A ESCREVER!
Mas a carta que eu escrevia
Levava da ave, o pranto
Que agora gemia tanto
Por toda aquela agonia.
Redigir não conseguia
Quando olhava toda a cena
E uma palavra obscena
Saiu-me logo da boca
Pois numa vontade louca
COM PENA FIQUEI COM PENA!
Mesmo assim fui alinhando
As letras uma por uma
Tendo na mão a tal pluma
E aos poucos lá resmungando.
Meio tonto, baloiçando
E com todo o meu saber
Fiz um poema a valer
Para ti oh! Querida amada
Tendo no peito uma espada
COM PENA DE TE NÃO VER!