COM PENA!

Hoje eu vi uma andorinha

Que praceia amargurada

Ali ferida na estrada

Coitada da avezinha.

E para tristeza minha

Essa ave tão pequena

De cabecinha serena

Deixou uma pena tombar

E eu assim a chorar

COM PENA PEGUEI NA PENA!

Levei a ave no regaço

Coloquei-a em trapos quentes

Dei-lhe pra comer, umas sementes

Protegendo-a do cansaço.

E depois naquele espaço

Aliviou seu sofrer

Parecendo querer-me dizer

“Use a pena com rigor”

E assim para o meu amor

COM PENA PUS-ME A ESCREVER!

Mas a carta que eu escrevia

Levava da ave, o pranto

Que agora gemia tanto

Por toda aquela agonia.

Redigir não conseguia

Quando olhava toda a cena

E uma palavra obscena

Saiu-me logo da boca

Pois numa vontade louca

COM PENA FIQUEI COM PENA!

Mesmo assim fui alinhando

As letras uma por uma

Tendo na mão a tal pluma

E aos poucos lá resmungando.

Meio tonto, baloiçando

E com todo o meu saber

Fiz um poema a valer

Para ti oh! Querida amada

Tendo no peito uma espada

COM PENA DE TE NÃO VER!

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 26/01/2014
Código do texto: T4665259
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.