Em cada cem pessoas

Em cada cem pessoas:

Sabendo tudo mais que os outros: cinquenta e duas.

Inseguras de cada passo: quase todas as outras.

Prontas a ajudar desde que isso não lhes tome muito tempo: quarenta e nove, o que já não é mau.

Sempre boas porque incapazes de ser de outro modo: quatro; enfim, talvez cinco.

Prontas a admirar sem inveja: dezoito.

Induzidas em erro por uma juventude, afinal tão efêmera: mais ou menos sessenta.

Com quem não se brinca: quarenta e quatro.

Vivendo sempre angustiadas em relação a alguém ou a qualquer coisa: setenta e sete.

Dotadas para serem felizes: no máximo vinte e tal.

Inofensivas quando sozinhas, mas selvagens quando em multidão: isso, o melhor é não tentar saber mesmo aproximadamente.

Prudentes depois do mal estar feito: não mais do que antes.

Não pedindo nada da vida exceto coisas: trinta, mas preferia estar enganado.

Encurvadas, sofridas, sem um lanterna que lhes ilumine as trevas: mais tarde ou mais cedo, oitenta e três.

Justas: pelo menos trinta e cinco, o que já não é mau,

mas se a isso juntarmos o esforço de compreender: três.

Dignas de compaixão: noventa e nove

Mortais: cem por cento, número que, de momento, não é possível mudar.

(Wislawa Szymborska)

Gary Burton
Enviado por Gary Burton em 25/01/2014
Reeditado em 11/04/2014
Código do texto: T4664515
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