EM CIRCULAÇÃO 
 


Eu as vejo.
Não sei se me veem
mas transito entre elas.
Tão perseverantes
e eu, altibaixos.

Trafegam pelos rejuntes do piso vitrificado
como em passarelas cândidas.
Formigas. Em footing.
A morte sempre presença.

Sou um corpo e sua sombra...
o passeio solitário
esbatendo-me nos azulejos,
entre claros e escuros,
barco intimorato em tribulação.

Por mim transitam ondas
de frio e calor,
a timidez e a ousadia,
pétalas sedosas e folhas ásperas,
riso e sisudez,
algazarra e silêncio,
zelo e desvario,
ordem e anarquia,

calmaria e tempestade.

Prosa e poesia.

Ora o inseto ora o açúcar,
circulação,
pulmões e coração,
sanguíneo veio baço.

Impressões.

Trilhas.
Mudança de curso.

 

Porque num dia
eu sou eu,
noutro
sou o avesso de mim.




Imagem: tela de Willian Turner


Interação do poeta THOR
MENKENT


Entre telhados vitrificados,
anda o poeta:
vertiginosamene 
a transitar entre sonhos
e quedas;
paradoxalmente 
a semear entre flores
e merdas;
inexoravelmente
embriagado e confundido
em suas próprias
facetas,
a voar entre claros e escuros,
reflexos.
 

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 21/01/2014
Reeditado em 16/02/2014
Código do texto: T4659075
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