Janeiro

Remoçadas ilusões de Janeiro

Velha fuga do sono derradeiro

Tudo o que pensamos ser novo

São as velhas coisas do tempo

No rearranjar de nossas vontades

O mundo, um pássaro co’as asas feridas

Nós, as feridas

É o que somos entre todos os assomos

De dor, de prazer, de sorrir, de morrer

Esperando o janeiro reviver

Esperava com alma de criança

Que nada fosse como tudo se vê

Esperava por outra ilusão

Todavia não mais espero o que faça

Se não faço, só fico e tudo passa

Mas eu quem fiz o não

Eu quem quis a negação

Fui minha própria privação

De tudo o que poderia

Na esperança doutro janeiro

Eu quem não aceito essa linda visão

Tocou-me mais o noticiário da tarde

Tocou-me mais a previsão

A visão das pessoas deformadas por escolhas

Delas ou não...

O mochileiro tem um anseio nômade em si

Não quer fazer parte do seio venenoso

Que amamenta os famintos

O filosofo escondeu-se no próprio pensar

Eu tenho dó dos meus filhos

Pois como tudo se mostra

Deus é só mais um noveleiro...

Olhando do pequeno barquinho

Aos grandes veleiros...

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 21/01/2014
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