Janeiro
Remoçadas ilusões de Janeiro
Velha fuga do sono derradeiro
Tudo o que pensamos ser novo
São as velhas coisas do tempo
No rearranjar de nossas vontades
O mundo, um pássaro co’as asas feridas
Nós, as feridas
É o que somos entre todos os assomos
De dor, de prazer, de sorrir, de morrer
Esperando o janeiro reviver
Esperava com alma de criança
Que nada fosse como tudo se vê
Esperava por outra ilusão
Todavia não mais espero o que faça
Se não faço, só fico e tudo passa
Mas eu quem fiz o não
Eu quem quis a negação
Fui minha própria privação
De tudo o que poderia
Na esperança doutro janeiro
Eu quem não aceito essa linda visão
Tocou-me mais o noticiário da tarde
Tocou-me mais a previsão
A visão das pessoas deformadas por escolhas
Delas ou não...
O mochileiro tem um anseio nômade em si
Não quer fazer parte do seio venenoso
Que amamenta os famintos
O filosofo escondeu-se no próprio pensar
Eu tenho dó dos meus filhos
Pois como tudo se mostra
Deus é só mais um noveleiro...
Olhando do pequeno barquinho
Aos grandes veleiros...