A PRAÇA

Era assim a praça,
quase escura, quase pura.
Romanciava com os casais,
cheia de ciúmes, cheia de graça.

Alfabeto de amor 
entalhado nos bancos,
das damas os encantos, 
dos senhores acenos 
com lenços brancos. 

Neste palco circulavam discretas
aba de chapéu cinza claro,
sombreando as cobiças secretas,
passos lentos encorajando
as palavras presas,
estrelas, num céu de brilho raro,
luz de poste, saudades acesas.

Na madrugada era a morada 
dos embriagados,
era a namorada
do relógio da igreja,
era a sujeira da pipoca,
do cigarro, era a insônia
dos apaixonados, 
o restinho doce
da bala de cereja,
o solitário pigarro.


 
Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 20/01/2014
Reeditado em 04/04/2014
Código do texto: T4657484
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.