Dama
Vim de longe, meu coração, sem fantasia
Olhar pros olhos aonde dorme a poesia
E se me rendo aos teus cachos morenos
É que o entorno são fatos pequenos
Que não me acende a inspiração.
Espalha menina, a tua graça morena
Guardando serenos teus seios de parafina
E na boca da noite os teus lábios, mulher,
Como quem nada quer se entreabrem tão lindos
Maltratam sorrindo o meu coração.
Que agonia, de noite e de dia,
Qual surra de açoite que dói e que inflama
Por fim, fogem de mim os teus braços de dama.
Desvanecendo-se na névoa da noite
Seus olhos também, se vão dos meus olhos
Deixando viúvo, o meu coração.