Desigualdade Pútrida Social
Das vidas vícios eloquentes
devastando e libertando mentes;
corroendo em ácidos os pensamentos
e os ares são tóxicos como palavras;
malditas, benditas, palavras soltas;
palavras presas pelas armadilhas da vida.
Nas esquinas dois garotos e uma lata de benzina
e o futuro passa sem notá-los, mas a poesia o faz.
Capitalismo e destrutivísmo democráticos
enquanto pulmões asmáticos gritam ar
enquanto o poeta não é mais que mais
uma boca que grita palavras e as regurgita.
Da vida vícios ilegais entre pessoas legais
e o sistema é o retrato do egocentrismo
ditando certos e errados que lhes convém;
mas, as almas querem se libertar de tudo.
E no fim das contas um viciado é preso como esmola,
álibi de uma noite de loucuras terminadas no camburão;
e no fim das contas magnatas saem sorrindo
rindo da sujeira escondida debaixo de seus tapetes persas.
E o poeta observa quase calado a rotina desgraçada
de vidas se esvaindo no frio de um viaduto na calçada
mas, infelizmente é a nua e crua realidade
versificada por mãos doentes e calejadas.
E se essas palavras chegarem nos jornais
será apenas mais uma página-cobertor
de um indigente que também é gente;
gente que aproveita de um papel velho pra proteger seu frio.