Que os Anjos Digam Amém!...

Euna Britto de Oliveira

Vindas da memória,

Imagens e a história de umas viagens...

Contorno a serra do Mar com botas falsas,

De lama do mangue.

Devo fotos a tanta gente!...

Neste exato momento,

Preciso de gente, urgente!

Mas só tenho fotos.

Misturadas, desarquivadas,

Não encontro a foto misteriosa

Que só é mistério por enquanto.

Há mistérios com data de validade

E há mistérios para a eternidade...

Compreendidos, não são mais mistérios.

Acessados, cessam!

Fogo, fumaça,

Operação de rescaldo,

Bombeiros cansados,

Extinto o incêndio.

O avião que ouço voar agora

Levará quem?...

Inofensivo mistério que não preciso desvendar.

Ou não seria mistério,

Apenas curiosidade?

Um som sobre a cidade,

De passagem,

Com decibéis quase intensos

E depois imperceptíveis...

Outro avião!

Passageiros não faltam.

Passageiros como todos nós,

Mesmo se não compramos passagens...

Nosso corpo é nossa nave.

O resto é entrave.

Varamos o tempo

Como o avião vara o ar...

Nossa vida tem destino.

Vestimos asas que ultrapassam o tempo.

Quanto mais leves,

Mais breves!

A vida é densa e é sutil...

Que todos cheguem bem a seu destino!

Nem tudo é como eu quero,

Mas a esse meu desejo

Que é para todos os aviões

Que os Anjos digam – "Amém!"

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 27/04/2007
Código do texto: T465579