ALMAS TROLLADAS

# Luciana Carrero

A poesia passa sozinha

pela lábia do poeta

que a espera no alçapão

da sua armação secreta

A quem passara zumbindo

o poeta com seu gel

trolla-a, sonsa, no espaço

de inspiração cascavel

Chegam outras e outras sonsas

atônitas, se atolando

as patas no estranho grude

e as asas envenenando

Para compor, já aprumado

no fim, justifica os meios

da premeditada morte

planeada em seus anseios

Não quer as sonsas, o vate

Sedento, quer suas almas

Ao morrerem, almas dançam

e ele compassa com palmas

Assim surgem os seus versos

bailando no etéreo ar

e estrofes congeminadas

que ele se esbalda a rimar