A TIMIDA FRUIÇÃO DO OUTRO

É tão escuro aqui

quero entrar

muro calçado

de mágoas

deserto despedido

de águas

paisagem desmedida

da imagem que se vê

num sol poente

reticente

que só nós

queremos então musicar

espera noite

de encontros

ela em meu ombro

chora não poder

e quer ficar

então deserta

seu ego

pra outro lugar

primeiro senta

em mim

não aguenta

toma em fim

minhas mãos

coração a palpitar

evolui pra cima

avança em cima

desce se aninha

resolve amar

mesmo que a luz

se pareça

sentido avulso

enloqueça

neste escuro

antes magoado

destruído

pela libido

que amor

lá fora

é tudo um mundo

sempre resolvido.