Crack
(Não uso, nunca usei, nem quero. Mas, sei do sofrimento de quem tenta se libertar. Eis um poema pra somar, sem ser piegas e panfletário).
Desde o primeiro trago
O bafo do diabo transpira
És língua de serpente em chamas
a escuridão das trevas
inspirando morte,
abismos e precipícios
És forte, não nego
e tua força demolidora
e seus reveses
São reais e de viés
Assim ele chega,
como não quer coisa alguma
demarca território, se impõe.
E instaura na torre
Dos valores, o limite,
A totalidade do ser
Em sofrimentos
Alegrias passageiras
perspicácias
O além-mar
Do super-homem,
És jovem, és novo e prostituto,
E te apaixonas e esganas e estupras.
Toda dignidade impossível
Não há caminhos
Na curva da passagem
Do rio que secou
Nos seus passos
Cacos de vidro do purgatório
Vômito, fome e frêmito
Não és, não tens, não queres, não.
Ressuscita-me
Perante o espelho
No tiro do cachimbo
A luz do túnel surreal
Do lixo e seu cheiro
Trago, nas mãos, o coração