Casulos nos Muros da Selva de Pedra

Metamorfoses kafkianas evoluindo

dentro do tubo de ensaio da vida

e a crisálida tornou-se menina,

menina-borboleta venusiana

de cores ocres em tons marfim

beijando flores pitagóricas

de pétalas portadoras da geometria

que é divina, que é perfeita no caramujo

em sua casca, seu novo mundo;

então o escaravelho partiu,

partiu em dois o coração-rubi

que o velho eremita carregava em seu cetro,

cetro de cedro, cetro de vento;

e o tempo é o maior remédio,

tomo doses em copos de ampulhetas

e das areias surgem novos escorpiões

que volitam a noite em constelações,

mas lá está ela, vestida com sua túnica;

ela traz na mão direita um caduceu,

na mão esquerda traz sete dedos

e seus anéis roubados de Saturno

e cavalga em porcos doirados da Sumatra;

e a poesia que recita chega a ser Homérica

e a poesia que escrevo quase cadavérica

é aquela feita em um casulo

é aquela riscada por detrás do muro;

muro de Berlim, muro do quintal;

muralhas que dividem o bem e o mal;

mas o poeta que é alicerce inerte

cala-se, despudora-se, aflige-se;

e quando chega o fulgurante sol

ele contempla a aurora e adormece na relva,

e adormece na selva perigosa da imaginação.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 17/01/2014
Código do texto: T4653181
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