O VELHO AFRICANO
 
Ao entardecer,
O brilho do ouro cobre
O céu,
E o velho africano
De pé,
Encostado no tronco
Duro,
Observa de longe
O ocaso.
Fios de algodão
lhe envolvem
cabelos
e barba.
O canto da cigarra
Ecoa na terra
Ingrata.
A vista curta
Esforça-se,
Alonga-se,
Procura
Estender-se
Para além
Do horizonte.
Em vão busca,
Notícias dos seus,
Apartados,
Em rijo
cajado apoiado,
Revolve lembranças
Distantes.
Depressa o céu escurece,
E no breu daquela
Hora,
Lento,
Ao velho casebre
volve,
Estende-se no catre
Duro,
E no sono
Mais profundo,
À velha  África
Retorna,
Revê  parentes
Ausentes.
Sereno
Enfim,
Acordar ?,
Não mais
Pretende,
Tudo é,
E tudo
Passa,
Retornou
Ao seu
Lugar.