Ponto.

Todo pouco gesto era poesia,

E todo começo era um meio-fim.

Era uma vez o ponto.

Sempre encerrava tudo.

Tinha inveja do parágrafo,

por sempre mudar de assunto.

Da vírgula, nem se fala;

sempre separa, enumera, restringe,

explica e muda o sentido de tudo.

Do travessão porque tinha voz.

Dos dois pontos por roubar atenção.

Dos acentos pelos deleites da entonação.

Mal sabia ele, porém, coitado,

Que tinha o privilégio de encerrar

Todos os assuntos,

Até os inacabados.

E por mais que simples seja a função

Do fim,

Nele cabe toda a imensidade de uma

Ansiedade infantil.

Tem mais, ou não?

O ponto é a clareza, é o fim certo.

Mas, se da incerteza, viesse outro

Sujeito e roubasse a cena?

A H
Enviado por A H em 14/01/2014
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