[Eu - o verso de um só: Recorrência ]
Eu, o recorrente,
eu, um ninguém, um nada,
dou guarida a este ladrão do Tempo
que vive acoitado em mim...
A esta hora da manhã, eu sou Sísifo...
estou lá no fundo vale dos sonhos
aprestando-me para empurrar
aquela rocha até o topo da montanha...
E então, com este pensamento,
eu tenho de relembrar o que escrevi há tempos:
[O guardião de uma coisa
é também o seu mais hábil larápio, diz Platão...
E por isto, roubamos o Tempo de nós mesmos?!].
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É impossível lutar contra este fato simples:
hoje é apenas mais um hoje à-toa,
apenas mais um dia para o ralo...
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[Desterro, 14 de janeiro de 2014]