A Ultima Viagem
Tão pequena sobre seu ultimo leito
Solitária? Sentia frio? Saudades?
Partiria em longa viagem
Meu rosto petrificou
Coloquei-me de pé a um canto
Observava nós duas no silêncio mortal
É o fim? É o começo?
Nesse instante é certa a minha metamorfose
Meu olhar não é de medo
nem de dor, nem de fuga, nem de nada
Nada é isso dentro de mim ao olhá-la
Todo o nosso tempo desfila em segundos
Penso no quanto teria sido amada
quantos sonhos teria tocado
e se havia sentido medo do fim
Quem havia aquecido as suas mãos
Aquecido as suas madrugadas uivantes
quando uma matilha se alimentava da sua carne
E ela ali encolhida nas horas esperando um amanhecer
Não creio que tenha visto o sol novamente
Não como ele deveria ser visto ou sentido
Ela desenhava o seu sol no imaginário
Nos dias de sucessivas dores...todas as dores
As que os remédios não contornavam
As da solidão... ah solidão!
Era a sua ultima estação, fria... fria... fria...
Teria desejado um beijo na face que lhe viesse como
agasalho?
A um canto, petrificada, observo o corpo sem vida
Não há como soprar a vida nele
A vida se foi... deixou-o ali, inerte
E eu não sei mudar isso... não sei...