Poema
Numa escola campesina
Começara a ler gramática
Porem aprendi na pratica
Superar algum obstáculo
Foi lendo Guimarães Rosa
Cruz e Sousa e Rui Barbosa
Que dominara o vernáculo
Quando eu vim de Malhadinha
Morar na grande cidade
Eu aprendi de verdade
Os sonetos de Flor Bela
Li Jorge Amado e Tobias
Raquel e Gonçalves Dias
Guerra Junqueiro e Varela
Na minha escola vulgar
Eu li Tobias Barreto
Decorei mais de um soneto
De Olegário Mariano
Alencar com sonhos D´oro
E prezei como um tesouro
O estilo Bilaquiano
Meu professor campesino
Uma figura discreta
Me chamava de poeta
Me dava aulas constantes
Quando chegava na lousa
Eu narrava alguma cousa
Do Dom Quixote e Cervantes
Numa leitura correta
Feita com pontuação
Li Catulo da Paixão
Nosso bardo popular
Augusto vate polido
Porem fiquei comovido
Com os textos de Alencar
Eu sinto imensa saudade
Daquela escola matuta
Onde a palmatória bruta
Queimava a ponta do dedo
Da nossa classe discreta
Foi lendo a velha seleta
Que eu descobri ser aêdo
Com meu professor Odete
Li pau de sebo e ciranda
Depois com Sá de Miranda
Aprendi fazer quarteto
Cesário Verde e Antero
São poetas que eu venero
No terreno do soneto
Quando fui para a cidade
Senti muita comoção
Em deixar o meu sertão
Lindo berço transparente
Reduto dos meus ancestres
Onde tive grandes mestres
Antes de cantar repente.