DESSINTONIA

Amanhece...

Não acompanho...

Me demoro no banho...

Me perco olhando no espelho...

Olhos os dentes...

As rugas...

Os cabelos...

Tantos desvelos inúteis...

Tantos sonhos...

Tantos planos...

Desenganos...

O mundo gira lá fora...

A alma geme lá dentro...

Sem remédio, sem unguento...

Vida crua a nos cuspir...

Quero fugir, fugir...

Roubar o tempo em atropelo...

Deixar-me livre, ao seu apelo

A bel prazer, me fartar...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 13/01/2014
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