Quando comecei a escrever,
Crua, insegura e tímida,
Publicar? Será que alguém ler?
Pensava... E a palavra, nada.

Rascunho engavetado, encolhido,
Estilos remetiam-me ao recuo,
O verso parado e escondido
Num canto, achando-se superfluo.

Mas, ao ler um certo texto,
Expressando português truncado,
Foi o maior e melhor dos pretextos,
Para por no ar meu simples recado.

Convicta da minha correta grafia,
Embora sem bagagem poética,
Postei a minha tímida poesia?
Esperei o dia seguinte, a crítica...

 
Ansiosa, temerosa e ruborizada,
Com o coração temendo fracasso
Ao ver minha página escancarada,
Vi que alguém leu meu verso escasso.

O dom, a leitura, o exercício da escrita,
A coerência e harmonia fazem o poeta,
Não sei me enquadro nessa coisa bonita,
E nem sei por que hoje me chamam poeta.

Não tenho uma grande legião de leitores,
Sou grata aos poucos que me prestigiam
Lendo, comentando e deixando louvores,
É um carinho impagável que aqui deixam.