UM DOMINGO DE JANEIRO

Ao sintonizar no galpão

Em busca do som nativo

Quase caí pelo chão

Ao tomar conhecimento

Do que ainda dói por dentro

Mexe fundo no sentimento

Pensando no desespero, confinamento

Na tragédia, boca do monte adentro.

Tentando entender o ocorrido

Partido o coração do rio grande

Sentado, paralisado, entorpecido

Da boate lembrava, estarrecido

Dos bailes inesquecíveis

Na adolescência vividos

Dançados nos finais de semana

Marcados, sorvidos, divertidos.

Hoje, me resta rezar

Testar a realidade, beliscar

Torcendo que seja um sonho

Rogando para o travesseiro

Que quando acordar no domingo

Seja apenas mais um de janeiro.