templo
cicatriz sobressaltada na carne,
névoa que penetra a retina,
buracos pelos caminhos trilhados;
tudo me coloca prostrada
de joelhos quebrados --
mas ainda assim, ajoelhada.
do suplício, faço um pedido:
tira-me desse dorso pesado,
afasta o eco do galope aflito.
usa a navalha sem medo
em toda cicatriz, até as entranhas --
que minha carne é um templo
de liras profanas.
se olhas atento dentro de mim
verás uma dor que emana,
um suspiro, uma flama
e os apelos do fim.