MINHA LUZ!
MINHA LUZ!
J.B.Xavier
Trago a esperança na pequena luz que brilha
Em meio à escuridão...
Procuro pela mão salvadora,
Pelos risos de outrora,
Pela palavra reveladora
Pela brilhante aurora
Em que se transformará essa luz...
Trago a alma em transe,
O sonho congelado
Na imutabilidade de grandes temores...
Busco sorrisos, neste silêncio imersos,
Os cânticos das musas, seus amores
Derramando-se da cornucópia dos versos,
Onde eu possa repousar do cansaço da viagem...
Trago o coração em expectativas,
Em esperas há tanto adiadas...
E na luz que pulsa, flamejante,
Reside a esperança de um sublime renascer,
E todos os desejos desta alma de amante
Aguarda o mistério que está por acontecer,
A doce transmutação da tristeza em alegria!
Trago no corpo as marcas de muitas lutas,
Cansaços de batalhs perdidas,
Cicatrizes de antigas reticências,
Feridas ainda não cicatrizadas,
Marcas de indeléveis ausências,
Esperanças de esperanças, tantas vezes almejadas
No silêncio da vontade que não aceita ser vencida.
E na escuridão sulcada por essa luz que brilha,
Fende a claridade o manto das desilusões
Levando para o porto minha nau sem rota,
Infundindo-me o doce aroma de outras vidas.
E sigo-a, como o guerreiro que não aceita a derrota
Sentindo as carícias de suaves mãos sobre as feridas,
Sigo o clarão dessa alvorada revigorante:
És tu a luz que conduz este navegante...
* * *