Uma folha em branco

Por estes dias de novidades

Há o dever de se reinventar

Eu apanho uma folha em branco

Recolho meus sorrisos

de manhã calma e serena.

Apanho o livro,

sem jeito,

ainda não costumeiro

do balé da minha vida.

Fito-o com olhar perdido,

receoso da missão.

Precisarei mais que palavras

pra escrevê-lo.

É preciso buscar aquele salto no escuro

adiado, interrompido, inacabado.

É preciso visitar as feridas das mãos,

colocar tudo numa prateleira,

emoldurar e nomeá-las como troféus.

Assim, a liberdade de traçar as linhas

desse imenso vazio

preencherá o que dentro não cessa.

O enfrentamento de uma arte clandestina,

o maior de todos os enfrentamentos da escrita:

ser plural.