[O mais-que-perfeito desencontro]

Incidentalmente, vimo-nos ali,

naquela estação da vida...

Eu, de outra apaixonado

não te buscava.

Tu, ainda apaixonada por outro,

não me buscavas.

Ao nosso redor, formando um círculo,

um canteiro de flores amarelas

consumia os nossos olhares.

Quebramos o silêncio de vidro:

— sim... é sem esperança! - afirmei

Dispensados os detalhes implícitos,

apenas confirmastes:

— sim, sem esperança; fato consumado!

De repente, os nossos olhares

se entristeceram na mesma flor [amarela];

e... nos aproximamos, e nos olhamos,

e nos abraçamos com ternura,

num suspiro longo, longo...

Dali por diante,

eu me aninhava em teus braços

sonhando ainda com ela;

e tu... sempre a buscar

o outro em meu olhar!

E assim vão-se os nossos dias

desse mais-que-perfeito

desencontro amoroso!

E tudo isto para provar-nos

o que sempre soubemos:

E tudo isto para provar-nos

o que sempre soubemos:

amor, amor mesmo, é um só,

e não importa quando chega

se estivemos uma vida a esperar...

Outros amores acontecem;

mas, por mais belos que sejam

são apenas outonais ... será?

A vida, a vida mesma,

não é triste não... apenas é.

______________________

[Ilhabela, 04 de janeiro de 2014]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 10/01/2014
Código do texto: T4644588
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.