[O mais-que-perfeito desencontro]
Incidentalmente, vimo-nos ali,
naquela estação da vida...
Eu, de outra apaixonado
não te buscava.
Tu, ainda apaixonada por outro,
não me buscavas.
Ao nosso redor, formando um círculo,
um canteiro de flores amarelas
consumia os nossos olhares.
Quebramos o silêncio de vidro:
— sim... é sem esperança! - afirmei
Dispensados os detalhes implícitos,
apenas confirmastes:
— sim, sem esperança; fato consumado!
De repente, os nossos olhares
se entristeceram na mesma flor [amarela];
e... nos aproximamos, e nos olhamos,
e nos abraçamos com ternura,
num suspiro longo, longo...
Dali por diante,
eu me aninhava em teus braços
sonhando ainda com ela;
e tu... sempre a buscar
o outro em meu olhar!
E assim vão-se os nossos dias
desse mais-que-perfeito
desencontro amoroso!
E tudo isto para provar-nos
o que sempre soubemos:
E tudo isto para provar-nos
o que sempre soubemos:
amor, amor mesmo, é um só,
e não importa quando chega
se estivemos uma vida a esperar...
Outros amores acontecem;
mas, por mais belos que sejam
são apenas outonais ... será?
A vida, a vida mesma,
não é triste não... apenas é.
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[Ilhabela, 04 de janeiro de 2014]