RASPUTIN DE NADA.

O tempo é gozador, frouxo, caolho,

faz pouco caso dos ventos, dos sonhos, da fé,

é indigesto, azedo, insosso,

gosta das crostas, dos escuros, dos não ditos,

é traidor, delator, usurpador da gente.

O tempo é ninguém, é derrapada, é pavio oco,

nos deixa estéril, nos acorrenta ao nada,

é chaga puída, encardido bendito, mãe sem teta.

O tempo é mãe de santo, é engasgo, é porém,

quando esquece seus afluentes, chora,

quando descama minha alma, sorri,

quando traz você perto de mim, morre.

O tempo é gozo, fralda pujante, Deus de nada,

quem sacode seus bagos frouxos, sei lá,

quem aborrece os engodos vorazes dessa ladainha, sei lá,

quem se deixa fustigar cada cada palavra manca que pus aqui, sei lá.

Se você veio até aqui, tadinho dos seus ossos, vai te,

se você aguentou firme essa besteirada arteira, vem te,

se você deixou o suor correr daqui feito carinho de Rasputin, vim te.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 10/01/2014
Código do texto: T4643557
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