Revista
Euna Britto de Oliveira
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O rato roeu a renda da rainha da Rússia...
Um silêncio imenso roeu minha paciência.
Rendo-me.
Assisto ao fim de um sentimento que foi lindo, registrado, lido,
e agoniza por falta de sustento,
de palavras...
Envelopes amarelos avolumam-se na caixa do correio
da casa número zero
e permanecem lacrados.
Não há leitor.
Troco dúvidas por certezas
e ainda recebo umas tristezas...
Com tristeza, posso fazer poesia.
Com dúvida, só faço agonia...
A ressurreição é toda hora e todo dia.
Estou acostumada a morrer...
Estou me acostumando a reviver...
Tenho altos
e baixos,
ainda aprendo a viver!
Tomo-me pela mão, levo-me a passear,
disfarço-me.
Adorno, faço, desfaço,
reforço e refaço andores de santos
que segui em procissões...
Faltam motivos no mundo,
ou talvez até sobrem!...
Mas nem sempre chegam ao real consumidor!
Desconexões...
Colares coloridos rolam sobre minha cama...
Brasileiros, indianos, africanos,
dourados, de prata, de lata,
de pérolas, de pedras semipreciosas
de miçangas, de marfim...
Quase silenciosos,
hoje, todos são brinquedos para um anjo (Luísa) embaraçar...
Estou em estado de desânimo,
cutucando a vida com uma caneta curta!...
Anda logo, endorfina!
Produzir-te é preciso!
Para que eu também me produza
e siga sem perseguir nem fugir...
Hoje é dia de Padre Eustáquio, 30 de agosto.
Aconteceram, estão acontecendo,
vão acontecer milagres!...