DO QUE RESTAR

Espero alguém que fique,
quando todos se forem.
No sofá, um drinque na mão.
Aqui, sentado, sem nada do não.
Ficando, apenas como um clique
de decisão: nem mas, nem desdém:
peito aberto para alguma inocência.

Seremos íntimos. Falaremos de nós,
esgotaremos a madrugada felizes
por dividirmos o pedaço de cada um
no infinito, no enredo incabível,
limite do nada incomum.
Eventualmente, seremos sós,
uma cratera, o ponto sensível;
feridas maquiadas por cicatrizes.

Ao fim, estaremos juntos, num agora
visível, expostos na tv da sala,
gravados no hd acessível
pelo PC de cada um.
Nenhum arquivo será invisível.
Na improvável hipótese de ir embora,
restará a lembrança do desjejum,
do hotel, do aeroporto, da mala.

 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 08/01/2014
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