Anorexia

Ainda há motivos para pôr para fora,

Tocando a campainha com o dedo da verdade,

O gosto amargo da angústia.

Para mim,

Que vivo uma miragem,

Ser um glutão do sofrimento é um passo cambaleante,

Um oásis no pesadelo que me define.

Entre minhas falanges,

Brinco de manipular a moeda do meu destino;

Em cada lance,

Uma aposta perdida para o ser estúpido que chamo de eu.

Meu corpo pesa de tão raquítico;

Vai esparramando magreza pelo rastro de bílis que deixo

conforme vou desperdiçando tempo tentando existir.

E assim vai ser até o dia em que eu cair de vez e no chão fique;

Assim,

De qualquer jeito e sem qualquer desfecho revelador;

Assim,

Uma massa podre imóvel que faz tropeçar o caminhante desatento.

Junior Lopes
Enviado por Junior Lopes em 07/01/2014
Reeditado em 20/05/2016
Código do texto: T4640682
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