Anorexia
Ainda há motivos para pôr para fora,
Tocando a campainha com o dedo da verdade,
O gosto amargo da angústia.
Para mim,
Que vivo uma miragem,
Ser um glutão do sofrimento é um passo cambaleante,
Um oásis no pesadelo que me define.
Entre minhas falanges,
Brinco de manipular a moeda do meu destino;
Em cada lance,
Uma aposta perdida para o ser estúpido que chamo de eu.
Meu corpo pesa de tão raquítico;
Vai esparramando magreza pelo rastro de bílis que deixo
conforme vou desperdiçando tempo tentando existir.
E assim vai ser até o dia em que eu cair de vez e no chão fique;
Assim,
De qualquer jeito e sem qualquer desfecho revelador;
Assim,
Uma massa podre imóvel que faz tropeçar o caminhante desatento.