Milésimo Perfil

Talvez não mais que sonhadora, apenas...

Ser existente, anexo ao que pensa ser...

Ausente de tudo o mais, que o surreal que cria...

Bailarina no palco da própria imaginação.

Tão só, alma afoita, no movimento interno em que se vê, reclusa...

Medusa em face do real que crê...

Existir sem por que, porém, ou opulência do ego...

Que sabe fugitiva do tédio em hora tão iguais...

O passo impreciso sobre o vil abismo,

ou o último suspiro, que inicial se faz...

Não mais que imagem tosca forjada em aquarela

ou o desenho da vela, consumida num canto, esquecida, já...

A desatenção ao ato involuntário

e negritude à noite, sem luar e estrelas...

Bolor do fermento amarelecido...

Ferrugem do trem, pra sempre esquecido,

frente ao supersônico, avião do futuro...

Suspense do muro a impedir a visão,

sobressalto à morte, já enunciada e certa...

Lágrima da fada, descoberto o engodo...

Rastro feito em lodo, loquaz reticência...

Nada, enfim, pensado... Inda persistente...

Resistência ao HORTO, a viver bem mais...

Quem ao som da trombeta, não desfaz-se em ais...

E ao fim termina, som que morre ao vento...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 07/01/2014
Reeditado em 07/01/2014
Código do texto: T4640211
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