ALMA

Encomendei á alma

um poema,

mas tudo o que vai chegando

são apenas palavras-pássaros voando

- planando em noções esparsas,

não em vôos de garças

- de uma poesia

menor que as sedes do meu dia,

remota e vaga,

não um fruto, apenas baga...

(e palavras fracas, confusas,

aspirações difusas

de sombras em becos

onde soam ecos

e vozes em suave agonia...

-não o poema que eu queria !)

Talvez o meu poema, afinal, não seja

essa coisa luminosa, benfazeja,

e chegue por entre as palavras e as vontades,

encolhido em vergonhas de novidades,

subtilezas de bodas só suas,

um cântico ao luar, de sereias nuas...

( 25 de Abril de 2007 )