Submundo
Os caminhos sombrios do Submundo
Estarão mais cheios esta noite
Pois enfim tua alma perturbada
Retorna ao mundo escurecido de onde veio
Obrigada a admitir-se
Como o fantasma que se tornou
Vagaste tempo demais pelo mundo
Uma despedida vaga e etérea
Que, porém, continuava perturbadoramente aqui
Com medo e partir
Mas sem condições de ficar
Agora, teu dualismo termina
Enquanto o Senhor dos Mortos
Convoca tua pálida figura
Para acolher-se em seus domínios
Sentes tristeza ao saber
Que não mais poderás perturbar os vivos?
Sentes tristeza ao saber
Que alguns verterão lágrimas
E depois serás deixado só, nas sombras?
Pois eu chorei por ti
Todas as vezes que não partiste
Todas as vezes que enganaste a morte
Com teus truques inacreditáveis
E não restaram lágrimas
Para molhar tua recepção no Tártaro
O eco de tua presença ainda decora as paredes
Tão pálido, tão fino
Que não assusta, nem fascina
Pois os mortos não nos podem ferir
Nem a nostalgia pode trazê-los de volta
Ainda ouço fragmentos da tua voz
Ou talvez sejam apenas os gritos alegres
Daqueles que não são capazes de compreender minha melancolia
Estou só
Meu corpo e alma permanecem na Terra
Enquanto tua carne se desfaz
E teu espírito vaga pela escuridão
Desprovendo-se de memórias, pouco a pouco
Tudo quiseste conquistar
Mas nada levas, enfim
As memórias ficarão para mim
Enquanto a ti
A ti resta apenas o sofrimento do Tártaro
E não acredites nem por um instante
Que conseguirás enganar Caronte desta vez