A busca da felicidade


Por toda a vida, sempre, lancei-me em busca
Do que julgava ser enfim a perfeita felicidade,
E me afligi, sofri, chorei e, enfim, desisti,
Ao julgar que não existia, que era uma quimera.
Não vi que o brilho, o fulgor que me ofusca,
nesta vã procura, demonstra, em realidade,
Que ela, a felicidade, existiu enquanto persisti
A desfrutá-la como em tempos de primavera.

Tempo que transcorreu rápido, em que nem mesmo
me dei conta, de que se extinguia a cada segundo,
em cada abraço, em cada beijo, em cada despedida,
em cada reencontro, repetindo-se a cada momento.
E hoje, ao vagar pelos cantos, sem destino, a esmo,
Sem encontrar paragem em qualquer lugar no mundo,
Vejo que, por a buscar, me esqueci da própria vida,
Deixei de vivê-la, mesmo que repleto de sentimento.

Não vi, àquele tempo, o que vejo somente agora,
Que devia enternecer com o voo e canto de pássaros,
Com o alvorecer da manhã ou a lua cheia nascente,
Que tinha que viver liberto, coração livre de mágoas.
Soubesse eu naquele tempo o que somente sei agora,
Que não se pode transportar o oceano em jarros,
E que a amplitude do céu é contida, simplesmente,
No brilho das estrelas refletidas em uma poça d´água.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 05/01/2014
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