NO SILÊNCIO DO AMOR
(Sócrates Di Lima)
Não quero que te calas,
O teu silêncio me maltrata,
É como a saudade muda,
Uma incisão aguda,
Espadas e balas,
Que no meu silêncio mata.
Não quero que te calas,
Minhas noites dormem,
E quando tu falas,
Meus ventos sacodem.
E quando teus lábios emudecem,
E os sentidos desfalecem,
Minhas vontades desobedecem,
E eu choro no escuro quando os dias amanhecem.
Não quero que te calas,
Se assim tua boca não fala,
Meus ouvidos ficam surdos,
E por todas as alas,
Que circulam meus absurdos,
Em minha alma triste resvala.
Como o rio que morre na seca bruta,
E o mar vira deserto na minha solidão,
Tua voz meu coração não escuta,
Enche de te'dio meu coração,
E eu morro aos poucos ao perder a luta.
E se o dia se calar no meu arrebol,
Impedir que meus passaros voem,
Os ventos levam o sopro do Sol,
Apagando luzes que estrelas cedem,
Inundando meu coraçao em chuvas finas,
Derramando meus olhos nas esquinas,
Que a vida se escoa em caracol.
E assim, como eu teria,
Um amor perdido na mudez da vida,
Eu assim, jamais queria,
Em noites frias que o silêncio cria,
E se esconde em tempo sem guarida,
Fazendo meus sonhos voarem sem escalas,
Em marés selvagens em despedida,
Nas vozes mudas, quando o teu silêncio me calas.